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quarta-feira, junho 06, 2012

Na trafaria a pesca escasseia

Domingo pela manhã costumo ir comprar o jornal com o meu marido no centro da vila e enquanto esperamos que abra o quiosque junta-se um grupo de homens que geralmente fazem um circulo e ficam a conversar, no domingo que passou achei piada a conversa, falavam sobre pesca (como sabem a Trafaria é uma vila de pescadores) um deles recordava como a pesca era farta noutros tempos, que se apanhava corvina com facilidade e muito grande, outro comentava que se lembrava de apanhar baldes cheios de douradas, todos se queixavam que agora o peixe escasseia.
Todos estes homens são pescadores à linha e transparecia tristeza nas palavras por constatarem que a avidez dos profissionais é tal que espalham redes por todo lado (não importa que seja ilegal), que apanham peixes como a corvina quando estão a desovar, que tenham acabado com as ameijoas acabando assim a pouco e pouco com a vida na nossa costa. Um deles dizia com orgulho que o peixe pequeno que apanha vai de volta para a água, todos concordaram.
Eu assistia interessada  à conversa, olhei para eles com atenção, vi homens de meia idade outros já velhotes, alguns tinham levado a vida a comercializar peixe outros são pescadores de fim de semana, numa vila como a nossa homem que é homem gosta de passar um tempo no mar ou no rio e de pescar, e estes homens mostravam algumas preocupações ambientais, de respeito pela vida ao longo da conversa fui percebendo uma vontade de mudar o estado de coisas...
Não gosto de pensar que se colhe uma vida apenas por desporto, e a falta de respeito pela natureza é alvo das minha criticas mais veementes, no entanto compreendo o peso cultural no comportamento do nosso povo, e sei que o despertar para uma atitude mais amiga dos animais e da natureza é lenta e fiquei surpreendida por sentir ventos de mudança nestes homens!