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quarta-feira, novembro 16, 2016

Impermanência

Isto de viver tem que se lhe diga... ainda ontem era pequena saltitava no jardim, falava com as flores e brincava de "faz de conta"
À bem pouco tempo fiquei convencida que viver era  uma "coisa" muito séria", e passei a preocupar-me de mais...
Começo agora a achar que afinal nunca saí do "faz de conta" e que a vida tem um lado muito engraçado, o que me leva a este conto Zen de que gosto muito


:

"Impermanência

Um reconhecido mestre espiritual aproximou-se da Porta principal do palácio do Rei. Nenhum dos guardas tentou pará-lo, constrangidos, quanto ele entrou e dirigiu-se ao Rei em pessoa que estava solenemente sentado, no seu trono.
“O que vós desejais?” perguntou o Monarca, imediatamente reconhecendo o visitante.
“Eu gostaria de um lugar para dormir aqui nesta hospedaria,” replicou o mestre.
“Mas aqui não é uma hospedaria, bom homem,” disse o Rei, divertido, “Este é o meu palácio.”
“Posso lhe perguntar a quem pertenceu este palácio antes de vós?” perguntou o mestre.
“Ao meu pai. Ele está morto.”
“E a quem pertenceu antes dele?”
“Ao meu avô,” disse o Rei já bastante intrigado, “Mas ele também está morto.”
“Sendo este um lugar onde pessoas vivem por um curto espaço de tempo e então partem - vós me dizeis que tal lugar NÃO É uma hospedaria?”"

terça-feira, novembro 15, 2016

sexta-feira, maio 06, 2016

eu e o meu CÃOpanheiro



Pela manhã bem cedinho lá vamos os dois, ele a cheirar tudo, cada rasto parece ter uma cor diferente,
cada cheiro é uma descoberta,





eu a olhar o céu, as copas das árvores,
por vezes a caminhar de olhos fechados
e a deixar o aroma das folhas
e do mar guiarem os meus passos.





Ás vezes ele fica para trás entretido com um cheiro desconhecido, tenta encontrar o rasto,
eu chamo e lá vem ele a correr as suas 
patas mal tocam no chão. 




Junto ao mar olhamos os dois as ondas. 
Depois voltamos para casa, são momentos de partilha e de companheirismo de que ambos gostamos.

Neste momento despertamos para o facto dos animais terem emoções, o que qualquer pessoa que tenha animais de estimação já sabe à muito tempo, mas finalmente a ciência começa a provar ser verdade.
Como todos temos assistido estamos lentamente a deixar de pensar nos animais como "coisas" e começamos a exigir um tratamento compassivo para todos os animais, finalmente as pessoas insurgem-se contra comportamentos abusivos , o que está a fazer com que as leis mudem, mas ainda estamos muito longe de cumprir a Declaração Universal dos Direitos dos Animais em que o primeiro ponto é, "Todos os animais têm o mesmo direito à vida".
No entanto fico feliz por ver que estamos a mudar, já é tempo de acabar com a ignorância e de ensinarmos às nossas crianças a observar a respeitar, a proteger e a compreender os animais.
O meu Cãopanheiro faz parte integrante da minha família, e assim deve ser.





quinta-feira, abril 28, 2016

quinta-feira, abril 21, 2016

Atenção Plena





  Na minha procura de aprender mais sobre o treino da mente na Atenção Plena encontrei uma palestra sobre esse tema que achei interessante, deixo aqui algumas ideias que     retirei dessa palestra. Espero que gostem, explica bem o que é e como se aplica na nossa vida.

(..) O treino da mente no "eu posso estar presente, eu devo focar a atenção na minha respiração, devo sentir as sensações do meu corpo, devo sentir todo o movimento do meu corpo, toda a respiração". 

Esta prática é uma prática mental criada. Estar consciente! Nós temos a atenção plena connosco devido à natureza inata da mente, que já tem essa clareza, que já possui a atenção plena, é por isso que conseguimos realizá-la.

Em tibetano atenção plena significa não se esquecer, lembrar, mas ao mesmo tempo saber o que é errado e o que é certo. Tudo isso na verdade pode ser atenção plena (Dren pa), então na verdade, atenção plena significa que não devemos esquecer qual é a visão, o que é a nossa meditação, o que é a nossa conduta, ou seja, ser humano e ter qualidades humanas, no budismo dizemos "spyod-pa" que quer dizer comportamento ou conduta, nós podemos meditar, meditar todos os dias e fazer isso muito bem, mas o nosso comportamento é muito importante, então usamos a atenção plena para escolhermos a acção positiva e abandonamos a acção negativa e isso é a atenção real, escolher o que rejeitar e o que trazer para a nossa vida. 

Com a pratica da Atenção Plena podemos ver como num espelho o nosso próprio reflexo, sem nos apegar-mos ao nosso comportamento podemos desfrutar melhor das coisas. Quando falamos de Atenção Plena não falamos somente de "estar presente" isso é muito agradável, mas será que vamos estar presentes durante todo o tempo? 
Usamos então a Atenção Plena para observar a nossa expressão o nosso sentimento e aquilo que dizemos, a atenção plena é uma ferramenta para a meditação, para o comportamento, torna-se num espelho para nos podermos reflectir, funciona para nos lembrar, não é só estar presente, é uma ferramenta que pode ser aplicada a qualquer coisa
É como por exemplo aprender a conduzir num Toyota, mas depois de aprender a conduzir conseguimos conduzir qualquer outro carro, tal como depois de treinar a atenção plena o comportamento pode ser transformado, as emoções podem ser transformadas a meditação poder ser melhorada, as nossas fraquezas podem ser transformadas, a força pode ser multiplicada, tudo por causa da atenção plena. 
É na verdade uma das nossas mais importantes ferramentas. 
Quando cometemos erros é porque não conseguimos perceber que são erros no início, depois cometemos o mesmo erro porque temos o hábito de fazê-lo, e ambos acontecem pela falta de atenção plena. Primeiro porque não os vê-mos, depois porque não nos conseguimos lembrar. Existem níveis diferentes de atenção plena: 
- com esforço (em que precisamos de praticar e sentimos o quanto é difícil mas continuamos )
- sem esforço (ao persistir na prática ela torna-se quase automática, como por exemplo quando estamos a conduzir um carro e algo se atravessa na frente carregamos no travão institivamente, muitas vezes mais rápidamente que os nossos pensamentos). (...)

Retirado de "Reflexões sobre Mindfulness (Atenção Plena) | Phakchok Rinpoch"



segunda-feira, fevereiro 22, 2016

Salta Poçinhas

Salta Poçinhas é um grande amigo meu, acompanhei-o em inúmeras aventuras e ele sempre me ajudou a vencer obstáculos e a valorizar o verdadeiro amor.
Quem é o Salta Pocinhas? É um menino de cabelo revolto e de grandes botas de chuva coloridas, ele adora saltar de poça em poça depois da chuva, ama o cheiro da terra molhada tanto quando o calor do sol sobre a pele, ele é livre como um pássaro, e leva-me com ele para florestas encantadas, onde os animais, as plantas e as pessoas vivem em harmonia.
Conheci o salta Pocinhas num domingo de manhã à muitos anos atrás, quando como de costume me  levantei cedo e para não acordar as minhas irmãs fui para o jardim brincar, era primavera e as flores do jardim estavam lindas, todo o jardim brilhava com pequenas pérolas de água que brilhavam aos primeiros raios do sol, era meu hábito fazer muitas perguntas às flores, perguntava-lhes como era ser uma flor, queria saber o que iria ser quando fosse grande, se gostavam das minhas
calças vermelhas e se sabiam o que deveria fazer para ser feliz, elas respondiam-me abanando as folhas com o vento.
As flores que mais gostavam de falar comigo eram os amores perfeitos, nunca recusavam responder às minhas perguntas e tentavam adivinhar o futuro para me ajudarem, eu em contrapartida fazia-lhes festas nas pétalas suaves como veludo, isto claro está quando não andava aos pulos pelo jardim ainda de pijama e feliz por sentir o cheiro da primavera que chegava. No entanto nessa manhã estava bem quieta a ouvir o vento e a olhar o jardim, não me apetecia saltar nem fazer perguntas, sentia-me um pouco triste, quando o meu olhar pousou nuns olhos pretos que me fixavam, saltei assustada ao ver um menino a olhar para mim com um grande sorriso. Escondi-me atrás da ginjeira que havia no meu quintal e perguntei a medo:
- Quem és tu? o que fazes aqui?
Foi então que ouvi pela primeira vez a voz mais linda que conheci, era uma voz suave como o cair da chuva num campo verde, tinha o canto dos pássaros misturado e parecia ter pós de perlimpimpim quando ria, será que conseguem imaginar? gostava de saber descrever com exatidão o som daquela voz e a tranquilidade que transmitia.
- Eu sou O Salta Pocinhas - Respondeu ele olhando para dentro dos meus olhos como nunca ninguém tinha olhado, e sorriu.
Devagar fui saindo de trás da árvore, já sem medo e sem deixar de fixar os olhos negros dele.
- Pareceu-me sentir que hoje estavas triste, costumo passar por este jardim e ficar a ouvir as tuas conversas com os Amores Perfeitos, mas hoje estava tudo em silêncio, o que aconteceu?
- Tenho medo, acho que não vou conseguir crescer e ser feliz... a minha mãe diz que há muita gente infeliz, porque estão doentes, estão velhos, porque não são livres para fazerem o que o coração manda, eu mesma fui a uma casa muito pequenina e escura, vivia lá uma senhora com os olhos parados, quando olhei para ela senti medo de um dia ficar assim.
- Humm, vamos até onde vive a felicidade queres?
Concordei imediatamente, sentia-me tão bem com o Salta Pocinhas que nem hesitei, demos as mãos e e começamos a andar bem devagar para sentirmos cada passo, toda a minha atenção estava nos meus pés quando dei por isso eles já não tocavam o chão, assustei-me e caí.
- Então Pema? não tenhas medo estás só a caminhar, olha agora agora para tudo o que te rodeia com muita, mesmo muita atenção, disse-me Salta Pocinhas.
Senti novamente que estava a andar sem tocar o chão, mas desta vez não me assustei e continuei cada vez mais alto, sentia-me completamente livre, era como se eu fosse a chuva, o vento, eu era aquela joaninha que se preparava para levantar voo, era o trevo que rompia a terra, era o gato que se espreguiçava, lentamente voltei a olhar à minha volta a tocar com os pés nas pedras e a minha atenção voltou aos meus passos lentos e ás nossas mãos juntas.
- Foi fantástico! Mas parece que nem saí daqui.
- Ha ha ha Será que não saíste? será que andaste mesmo pelo ar?
- Eu.. epa eu acho que sim...
- Até amanhã Pema, lembra-te que para seres feliz só precisas de ouvir o teu coração.
Fiquei a ver a sua figura a afastar-se, os seus passos eram leves e mal tocavam as pedras do chão deixei de o ver mas ainda ouvia o seu riso tão parecido com pós perlimpimpim. Foi assim a minha primeira aventura com o Salta Pocinhas.

Esta pequena história dedico à memória do meu pai que inventou o Salta Pocinhas e contava as suas aventuras ao jantar com imensa paciência para que eu comesse.




segunda-feira, fevereiro 15, 2016

A tartaruga

Todos os dias penso em algo pelo que estou grata, hoje lembrei-me  uma uma partilha de experiências na qual uma coleguinha contou que um dia encontrou uma tartaruga gravemente magoada numa sarjeta e que a levou para casa para a tratar, no entanto o veterinário disse-lhe que a tartaruga tinha partido a mandíbula e que não havia nada a fazer pois uma operação não a iria curar, a minha colega levou-a para casa e ao fazer  Prana Chiquitsa a tartaruga olhou para ela esticando o pescoço mas ao fim de cerca 3 dias ela morreu.

Esta história, enterneceu-me porque essa minha colega foi realmente querida ao tentar tratar a tartaruga (pouca gente o faria), mas também me fez pensar na sorte que tenho por ter nascido humana, por ter nascido num país em que temos hospitais públicos, por ter direito à Segurança Social como bem público solidário e de todos, e  assim ter  acesso a bons médicos e a tratamento, já passaram alguns anos mas vou sempre estar grata por ter ficado bem após uma operação por motivos semelhantes à da tartaruga.