Estava eu na padaria quando a senhora que me atendia começou a contar um fragmento da sua história de vida... Dizia ela que não podia com o rapaz que tinha acabado de sair porque era filho da amante do seu falecido pai,"... é que por causa da mãe dele eu e os meus irmão passamos muita fome, sabe é que o meu pai era pescador aqui na trafaria, e dava o peixe que pescava à mãe dele e nós ficávamos sem nada, lembro-me de uma vez em que a minha mãe ia comprar fiambre para ir a fátima, para fugir ao meu pai foi dar uma volta por entre as casas mas ele viu-a e foi a trás dela e deu-lhe um enxerto de porrada que ela coitadinha ficou toda negra..." e depois em tom de confidencialidade disse-me "o rapaz não tem culpa da mãe que tinha, mas só para ver o que nós a detestávamos, quando a fábrica onde ela trabalhava ardeu com ela lá dentro, eu e os meus irmãos viemos bater latas para a rua de alegria"
Esta como tantas outras histórias contam vidas reais, que nos enchem de tristeza e outras vezes de alegria, são histórias do nosso povo são as nossas histórias que pretendo continuar a contar.
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